No aclamado filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e que representa o Brasil no Oscar 2025, o suflê de queijo se destaca como um símbolo profundo de memória, resiliência e laços familiares. A personagem Eunice Paiva, interpretada por uma talentosa atriz brasileira, prepara esse prato em uma cena marcante, quando seu marido, Rubens Paiva, é levado por militares da ditadura antes de desaparecer. Em um gesto de carinho e esperança, ele diz: “Volto a tempo para o suflê”. Esse momento se torna um elo emocional entre os personagens e um reflexo da importância da culinária como preservadora de histórias e afetos.
O suflê de queijo, prato clássico da culinária francesa, é preparado com uma base de molho béchamel, que leva leite, manteiga e farinha, incorporando-se a queijos como Gruyère ou Comté. A mistura é delicadamente batida com claras em neve e assada até atingir uma textura leve e aerada. Além de seu sabor refinado, o suflê carrega consigo uma tradição culinária que atravessa gerações, sendo um prato que representa a sofisticação e a técnica da cozinha francesa.
Além de seu sabor único, o suflê de queijo carrega uma tradição culinária que remonta aos tempos de Maria Antonieta e à corte francesa. Sua origem está relacionada a um tipo de prato que, originalmente, era servido como uma iguaria para a nobreza. Com o passar dos anos, o suflê foi se popularizando, mantendo sua essência como um prato sofisticado, porém acessível. A técnica de preparo, que exige precisão e atenção, torna o suflê um verdadeiro desafio para cozinheiros de todas as partes do mundo, mas também uma celebração do domínio culinário.
Dentro do contexto do filme “Ainda Estou Aqui”, o suflê de queijo transcende seu papel como um simples prato francês. Ele passa a ser um símbolo da memória afetiva que Eunice tenta preservar enquanto lida com o vazio deixado pela ausência de Rubens. A culinária, especialmente a de origem tão refinada, como a francesa, possui essa capacidade de conectar as pessoas com suas raízes e suas histórias. No caso de Eunice, o suflê é uma forma de manter viva a ligação com o marido, de esperá-lo em um futuro que nunca chegou, mas que permanece presente em suas lembranças.
Esse uso simbólico do suflê não é uma mera escolha estética ou gastronômica; ele reforça a mensagem de que, mesmo em tempos de grande sofrimento, a comida tem o poder de curar e de nos lembrar quem somos. É um alimento que traz à tona o carinho, o cuidado e as tradições que sustentam uma família. Quando o suflê de queijo é preparado, há uma ligação direta com gerações passadas e com as histórias que definem uma cultura, no caso, a francesa. A preparação do prato, então, se torna um ritual que não apenas nutre, mas também preserva as raízes.
Em muitos sentidos, o suflê de queijo, como prato típico da cozinha francesa, reflete a própria resiliência da culinária. Ao longo da história, a gastronomia francesa enfrentou crises e desafios, mas sempre soube se reinventar, mantendo sua essência intacta. Assim como no filme, onde a comida serve como um vínculo com o passado, a culinária francesa também se destaca por sua capacidade de atravessar gerações, transformando-se, mas sempre mantendo suas características fundamentais. O suflê, com seu preparo cuidadoso e ingredientes requintados, é um exemplo perfeito de como a gastronomia pode ser simultaneamente desafiadora e gratificante.
Para aqueles que desejam trazer o suflê de queijo para suas próprias cozinhas, a receita é uma excelente oportunidade de experimentar uma das maravilhas da gastronomia clássica. Além de ser um prato visualmente impressionante, o suflê oferece um sabor complexo e envolvente, que faz justiça ao seu status de ícone francês. A receita, que exige atenção aos detalhes, é uma verdadeira lição de técnica e sabor, e pode ser um excelente prato principal ou acompanhamento para uma refeição mais sofisticada. Ao prepará-lo, é possível não apenas se conectar com a cozinha francesa, mas também refletir sobre o poder que os alimentos têm de contar histórias e preservar memórias.
Por fim, o suflê de queijo não é apenas uma receita; ele carrega consigo um simbolismo profundo que vai além da comida. No filme “Ainda Estou Aqui”, ele se torna um elo entre o passado e o presente, uma maneira de manter viva a memória e o amor, mesmo diante da tragédia. Esse prato, emblemático da culinária francesa, é, assim, uma representação de como a comida tem o poder de tocar as fibras mais profundas da alma humana, nos lembrando do que é realmente importante: o afeto, as relações e a memória que preservamos através do tempo.
Autor: Sorin Golubov