A falha do sistema de imigração dos EUA: como brasileiros se tornam vítimas do visto EB-2 NIW

Sorin Golubov By Sorin Golubov

Nos últimos anos, o visto EB-2 NIW se tornou uma opção popular para brasileiros que buscam a residência permanente nos Estados Unidos. A proposta é atraente: um visto destinado a profissionais com qualificação excepcional e que contribuem para áreas de interesse nacional, sem a necessidade de uma oferta de trabalho formal. No entanto, essa promessa de uma via de acesso simplificada ao green card esconde uma realidade mais complexa e frustrante, onde muitos se deparam com negativas arbitrárias e um sistema opaco.

Muitos brasileiros, com currículos impressionantes e uma trajetória profissional exemplar, se veem rejeitados por razões que parecem totalmente desconexas com a qualidade de seus casos. O processo de avaliação do visto EB-2 NIW é conduzido por oficiais administrativos do USCIS, que possuem liberdade total para tomar decisões com base em critérios subjetivos. Esse poder de decisão sem a necessidade de justificativas claras transforma o processo em algo altamente imprevisível.

O mais preocupante é a postura de alguns advogados especializados, que muitas vezes não alertam os candidatos para os riscos reais do processo. Em vez de informá-los sobre a possibilidade de negativa, esses profissionais destacam apenas os pontos positivos, como a alta qualificação exigida e a aparência de segurança do sistema. Para garantir contratos que podem superar os 40 mil dólares, eles garantem que a aprovação é quase certa, ocultando os desafios do processo.

Esse cenário tem levado a uma crescente insatisfação entre os imigrantes brasileiros que investiram pesadamente em seu processo de imigração. São profissionais que gastaram anos de preparação e milhares de dólares, acreditando que atender aos requisitos significava uma aprovação garantida. A realidade, no entanto, é outra, e muitos se veem diante de uma recusa sem qualquer explicação razoável ou possibilidade de recurso.

Outro ponto crítico é que o processo não é conduzido por juízes, mas por funcionários administrativos com pouca ou nenhuma formação jurídica. Isso resulta em decisões que podem ser baseadas em critérios arbitrários, muitas vezes sem considerar a realidade de cada caso. O resultado é uma taxa de aprovação que varia entre 50% e 75%, dependendo do centro de processamento, mas que, na prática, se torna ainda mais baixa para certas áreas de atuação.

Além disso, muitos profissionais não sabem que o USCIS, em sua análise, prioriza áreas como ciência aplicada e tecnologia de ponta, enquanto outras áreas, como o direito, enfrentam mais dificuldades. A falta de clareza sobre esses critérios discriminatórios dificulta a compreensão do processo para muitos imigrantes e deixa os candidatos à mercê de decisões erráticas.

Apesar de todos os obstáculos e incertezas, os advogados continuam oferecendo serviços, muitas vezes com promessas de sucesso que não podem ser garantidas. A verdade é que, por mais bem fundamentado que seja o pedido, ele pode ser negado sem qualquer explicação razoável. O custo do processo e os riscos envolvidos exigem uma análise cuidadosa antes de embarcar nesse tipo de jornada.

O que muitos brasileiros não sabem é que o sistema de imigração dos EUA não oferece garantias claras, e que, mesmo com a melhor qualificação, não há certeza de que o visto será aprovado. Com isso, é essencial que os candidatos estejam preparados para todas as possibilidades, inclusive a negativa, e que tomem decisões informadas ao investir no processo.

Autor: Sorin Golubov

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