O especialista Francisco Gonçalves Peres destaca um equívoco comum entre investidores que estão começando: negligenciar o próprio perfil de risco. Esse descuido pode levar a decisões impulsivas, escolhas inadequadas de ativos e perdas evitáveis, especialmente em momentos de instabilidade. A pressa em buscar rentabilidade sem entender os próprios limites acaba distanciando o investidor de seus objetivos reais, tornando o caminho mais instável do que necessário.
Entender o perfil de risco trata-se de reconhecer até onde o investidor está disposto e preparado para enfrentar oscilações no mercado. A ausência desse autoconhecimento costuma gerar comportamentos contraditórios, como o desejo por altos retornos, convivendo com o medo de perdas mínimas. O resultado costuma ser a frustração com investimentos que, tecnicamente, não são ruins, mas não combinam com o perfil de quem os escolheu.
Por que o perfil de risco influencia tanto os resultados?
Ignorar o perfil de risco leva o investidor a criar uma carteira desalinhada com sua tolerância emocional. Isso significa que, mesmo com ativos bem escolhidos do ponto de vista técnico, a ansiedade gerada por quedas normais de mercado pode levar a vendas precipitadas e prejuízos evitáveis. Francisco Gonçalves Perez ressalta que o maior problema não está no investimento em si, mas na forma como o investidor reage a ele quando desconhece seus próprios limites.
É preciso evitar a persistência em estratégias que não fazem sentido para a realidade do investidor. Perfis conservadores, por exemplo, acabam se expondo a derivativos ou criptomoedas por influência de terceiros, ou modismos. Quando o mercado vira, o impacto emocional pode ser tão forte quanto o financeiro. Isso compromete o aprendizado e a motivação, dois fatores essenciais para quem está no início da jornada nos investimentos.

Como identificar o próprio perfil sem depender apenas do teste da corretora?
Os testes oferecidos por plataformas são úteis, mas não substituem a análise pessoal. Para Francisco Gonçalves Peres, o ideal é que o investidor observe como se sente diante de variações negativas, ainda que pequenas, no valor aplicado. Essa reação diz mais sobre o perfil real do que qualquer resposta teórica. O incômodo diante de uma oscilação já é um indicativo de que a exposição pode estar além do suportável.
Também é importante considerar o prazo e os objetivos de cada investimento. Um perfil moderado pode aceitar riscos maiores quando pensa em aposentadoria, mas não com recursos que serão usados em um curto período. O autoconhecimento financeiro envolve entender que o perfil de risco pode variar conforme o contexto de vida, e que o mesmo investidor pode ter abordagens diferentes para metas distintas.
Quais os riscos de manter uma carteira desalinhada com o perfil?
Uma carteira incompatível com o perfil de risco compromete a confiança no processo de investir. É comum que investidores iniciantes abandonem boas estratégias por acreditarem que “investir não é para eles”, quando na verdade estavam apenas usando os produtos errados. Francisco Gonçalves Perez destaca que isso mina a construção de patrimônio no longo prazo, justamente por interromper o hábito e o aprendizado.
Caminho mais seguro
Francisco Gonçalves Peres reforça que respeitar o próprio perfil de risco é um dos primeiros atos de maturidade no mundo dos investimentos. A consciência sobre o próprio perfil reduz a ansiedade e melhora a tomada de decisão. Isso fortalece o investidor para lidar com os ciclos naturais do mercado e aumenta as chances de manter uma estratégia consistente no longo prazo.
Autor: Sorin Golubov